Frequentemente fazemos planejamento dos nossos dias. Isso é fato!
Acordamos, e até mesmo, já no dia anterior, idealizamos nossas atividades,
nossos afazeres para o dia seguinte ou naquele que acabamos de ser despertados. Nossos
pensamentos nos conduzem a essas atividades de maneira natural, apropriada e até
justas. Cada compromisso, cada realização, cada atitude, por vezes repetidas e outras
não realizadas, mas sempre havendo a racionalidade nesse espontâneo processo mental,
da alma.
Planejamos em curtíssimo e em longo prazo. Aquela aquisição material, aquele
desejo a realizar, aquele encontro, aquele espetáculo da natureza ou à vista da arte
humana, planejamos. Os sentimentos, as pessoas a nossa volta, as conquistas,
realizações, sonhos possíveis e aparentemente impossíveis.
O primeiro. Há sempre o primeiro. A primeira vitória, a primeira conquista, o
primeiro. E o interessante é que fazemos questão de nos relembrarmos desses
constantemente, mesmo que se passe algum tempo, elas vêm a mente.
Somos lembrados e incentivados a prosseguir, a buscar a “nossa” felicidade, “o
importante é que sejas feliz”, dizem. E planejamos nossa felicidade. E
indubitavelmente, ela necessita ser com alguém, pois não há felicidade individual. Não
se pode ser feliz só. Isso é impossível. Pode até alguém pensar que sim, mas é uma
anomalia, sua forma de racionalizar e assim aceitar essa suposta felicidade. De qualquer
forma, não deixa de ser um planejamento.
A procura da felicidade é racional, que muitas vezes se torna irracional, mas até
nessa irracionalidade há o planejamento, mesmo que fora dos padrões e conexões
aceitas e compreendidas. E provavelmente, aqui está o ponto, essa irracionalidade,
como se comprovam no desenrolar dos fatos, nas análises posteriores, que o
planejamento inicial, de alguma maneira, saiu do controle.
A cada manhã sabemos o que devemos e iremos realizar. Dentro das 24 horas
que disponibilizamos temos, por incrível que pareça ou não, exatamente a noção das
potencialidades de realizações de nossas intencionalidades.
Mas quando algo ocorre, o inesperado, a surpresa, o imponderável, o não
planejado, implica no contrariado.
Ora, o planejamento é pela felicidade e se algo ocorre no sentido de interrompê-
lo, atrapalhá-lo, nos contrariamos. Contrariamos-nos com qualquer cousa que até
mesmo não nos pareça desagradável no momento, mas que não estava nos nossos
planos.
Não podemos planejar os detalhes, somente o esboço geral. Pessoas que são
atentas aos mínimos detalhes de suas vidas não são normais. Não é possível dominar o
que não é dominável aos recursos humano. Devemos aceitar o inesperado, pois quanto
mais tentamos dominar mais nos sentimos contrariados.
Aquilo que não temos domínio é provavelmente dominado por algo maior. E se
é algo maior é superior a nós mesmos. E sendo superior e ainda não nos destruiu é
porque deseja nos ensinar algo, nos deixar aperceber de algo. É preciso parar e tentar
sintonizar no superior.
As leis físicas estão por ai, regidas pela eventualidade probabilística das
incertezas, dualidades e simetrias. E como se trata de leis, há racionalidade nelas, não
elaboradas por nossas mentes limitadas, apenas descobertas. O tempo não pára, mas o
tic-tac do relógio pode parar. Mas ficamos contrariados por isso.
Faça sol ou faça chuva nos contrariamos porque desejamos dominar o não
dominável. Todas as cousas, fatos, acontecimentos cooperam para o bem daqueles que
estão atento ao maior, ao superior, Aquele que tem o domínio de todas as cousas.